15 agosto, 2006

Castigo

Na quarta ou na quinta da semana passada, de manhã cedo, enquanto ela tava na cozinha supostamente tomando café, me chama:

- Mamãe!
- Oooi.
- Vem 'quí.

Chego lá. Uma boneca - aquele ser inanimado - tá sentada na cadeirinha da sua dona, em um canto da cozinha. Manu com cara de brava:

- Neném tá &¨%$enxanu.
- Que, filha?
- Neném tá pen-ã-nu.

Algumas rápidas sinapses me fazem perguntar:

- Neném tá pensando?
- Ééé.
-Tá de castigo?
- É.
- Por que, filha? (lembrando sempre que a boneca é, sim, inanimada)
- Modeu me' dedo. Ai ai ai, neném.


Não contente em contar isso a mim, informa à avó que chega à cozinha, à bisavó que acaba de ligar, à tia-avó que tb está ao telefone e, não havendo mais ninguém pra quem contar, saca do bolso um celular imaginário e.... "- Alô, papai? Eu, Mumu. Neném tá pen-xa-nu. É... modeu me' dedo...."

O mais engraçado: momentos depois, o mesmo "neném" estava no colo dela, enquanto ela puxava a blusa pra aparecer "mi peto" e colocar a boneca em posição de mamar. "- Neném tá comendo... Alô, papai? Neném tá comendo... Neném tá pen-xa-nu.... modeu me' dedo..." E por aí vai, assim mesmo, sem lógica, pé ou cabeça.